A teoria da geração espontânea

Também conhecida como abiogênese, essa teoria existe pelo menos desde Aristóteles. De acordo com ela, a vida poderia surgir espontaneamente e continuamente da matéria bruta. Algumas observações feitas por pessoas comuns, no dia-a-dia, pareciam reforçar essas ideias: o fato de aparecerem larvas de insetos sobre o lixo em decomposição, por exemplo, alimentou a ideia de que as larvas teriam “brotado” do lixo (não se conheciam, na época, os detalhes da reprodução dos insetos). A circunstância de girinos surgirem na água de uma poça, de um dia para outro, parecia ser a prova de que tinham se originado diretamente da lama da poça. A descoberta dos microrganismos, depois da construção do microscópio pelo holandês Anton va Leeuwenhoek, no século XVII, representou mais um argumento a favor da geração espontânea: não se podia imaginar que seres tão simples pudessem possuir qualquer método de reprodução.

A situação chegou a tal ponto que, por volta do século XVII, o belga Van Helmont anunciou uma famosa “receita” para obter ratos, a partir da mistura de roupa suja com sementes de trigo…! Pouco tempo depois, no entanto, o italiano Francesco Redi demonstrou por meio de um engenhoso experimento, que o surgimento de larvas na carne em decomposição não se dava espontaneamente -, mas sim a partir de moscas que ali depositavam seus ovos.

Uma famosa polêmica entre os defensores e os atacantes da doutrina da abiogênese iria instalar-se, no século seguinte, entre o inglês John Needham (defensor das ideias de geração espontânea) e o italiano Lazaro Spallanzani. O inglês realizou várias experiências utilizando-se de variados “caldos nutritivos”, constatando seguidamente a proliferação de microrganismos em seus recipientes. Spallanzani acusou, então, Needham de não ter procedido com a total eliminação dos micróbios em seus caldos. Para demostrá-lo, repetiu os experimentos de Needham levando os caldos à fervura e em seguida fechando-os bem: não havia, nesse caso, o crescimento de microrganismos enquanto os frascos não fossem novamente abertos. Mas Needham retrucou, acusando Spallanzani de ter destruído, pelo calor, o “princípio vital” de suas infusões nutritivas.

Por mais estranho que nos pareçam essas ideias hoje, a crença na geração espontânea perdurou até meados do século XIX, quando finalmente o francês Louis Pasteur conseguiu derrubar essa teoria da maneira definitiva, por meio de alguns experimentos simples porém muito corretos em sua formulação.

25 responses to “A teoria da geração espontânea

  1. O melhor site de todos, me fez compreender através desse assunto uma série de assuntos coligados.

  2. “Muito obrigado, me ajudou muito na minha pesquisa escolar… Valeu mesmo a quem escreve ♥♥♥

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